“A recente crise financeira (do “subprime”) revelou uma vez mais o papel crucial que a avaliação imobiliária possui na manutenção da estabilidade do sistema financeiro. Em face de um clima de volatilidade no valor imobiliário, os níveis de confiança dos investidores descem e as entidades financeiras veem os níveis de incumprimento subir e, consequentemente, sobe o número de execuções coercivas de imóveis. Também a atual crise sanitária incorpora sérios desafios para o mercado imobiliário, já que vivemos tempos de contração económica e de elevada incerteza no que respeita ao valor futuro dos imóveis e também para onde tenderá a procura de produto imobiliário, existindo já alterações visíveis, nomeadamente nos mercados de escritórios, residencial e logístico.
A atividade de avaliação de património enfrenta enormes desafios quer no presente, devido ao clima de incerteza provocado pela pandemia Covid-19, quer no futuro próximo, em resultado das transformações que irão ocorrer (e que já se vêm verificando) no setor imobiliário a curto prazo, exigindo aos profissionais da avaliação um esforço profundo de adaptação e uma forte aposta na qualificação e na inovação.
A publicação da Lei n.º 153/2015, de 14 de setembro, que regula o acesso e o exercício da atividade dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional, bem como dos regulamentos da CMVM e circulares do Banco de Portugal a respeito da Avaliação Imobiliária, a par com a atribuição do papel de supervisor à CMVM, vieram trazer alguma regulação a um setor caracterizado até então pela desregulação normativa.”
Jornal Vida Económica, 05 de Março de 2021